sábado, 5 de janeiro de 2008

Ontem

Sufoquei um pouco
Regredi um pouco
Insurgi-me um pouco mais
E acabei por ceder sem dar de mim
O mal estava feito
O tédio enterrado na carne como cravo em madeira
A dor, consumia-me à translucência da alma em perfumes de jasmim
Erros de sempre, disfarçaram-se de vestes luxuosas
Cores de carmim
E eu engoli tudo, degluti tudo,
Como um gesto automático despoletado assim
Num sem querer-querendo
Numa vergonha sórdida, na consciência adormecida que tenho de mim.
O céu abriu-se mais um pouco,
As árvores cederam-me passagem
Mas as asas que carrego já não têm cor
Já não têm luz,
Já não te prestam vassalagem...
Talvez por isso, bamboleante, caí no chão
Talvez por ter na imagem as asas que já não o são
Talvez por nunca as ter tido e hoje saber por fim
Que o mundo que sonhei, o céu que te pintei
Nunca teve o cheiro de jasmim
Nunca teve as asas que lhe pintei
Nunca foi o céu, mas sim o fim do sonho em mim.

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A Memória das Asas já é livro!



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