sábado, 5 de janeiro de 2008

Ontem

Sufoquei um pouco
Regredi um pouco
Insurgi-me um pouco mais
E acabei por ceder sem dar de mim
O mal estava feito
O tédio enterrado na carne como cravo em madeira
A dor, consumia-me à translucência da alma em perfumes de jasmim
Erros de sempre, disfarçaram-se de vestes luxuosas
Cores de carmim
E eu engoli tudo, degluti tudo,
Como um gesto automático despoletado assim
Num sem querer-querendo
Numa vergonha sórdida, na consciência adormecida que tenho de mim.
O céu abriu-se mais um pouco,
As árvores cederam-me passagem
Mas as asas que carrego já não têm cor
Já não têm luz,
Já não te prestam vassalagem...
Talvez por isso, bamboleante, caí no chão
Talvez por ter na imagem as asas que já não o são
Talvez por nunca as ter tido e hoje saber por fim
Que o mundo que sonhei, o céu que te pintei
Nunca teve o cheiro de jasmim
Nunca teve as asas que lhe pintei
Nunca foi o céu, mas sim o fim do sonho em mim.

Foi Lançado o Livro


A Memória das Asas já é livro!



Foi lançado a 15/12/07 pela Corpos Editora!


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domingo, 14 de outubro de 2007

Por vezes sinto sufocar-me no espaço que me circunda,
Nas pessoas que me rodeiam
Sinto um cansaço extremo da rotina
Uma tristeza avassaladora da frustração que me preenche.
Quero gritar e não posso,
Quero insultar e não consigo.
Quero fugir! Começar de novo, noutro sitio, noutro plano...
Não. Não sou feliz.
Não creio que algum dia o venha a ser.
Não sou pessimista, sou realista.
Tenho na minha cabeça os sonhos arquivados
À espera que um dia lhes sacuda o pó e os recorde na amargura da velhice.
Sou nova, eu sei
Mas tenho a vida hipotecada à vontade de terceiros.

Um desabafo... porque me sinto mesmo muito em baixo.
Porque olho à minha volta e não tenho ninguém com quem falar.
Porque ser mãe não me enche o ego só por si. Preciso de estimular-me mental e profissionalmente, mas por minha culpa, não vai ser possível.

Enfim....

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Espera

A espera angustia-me
Deglute-me em pedaços pequenos
Regurgita-me em mistura de fel e humor negro

Espero
Como se sentada neste pico de letargia me viesse alguma luz
Um raio de lucidez que teimo em não enxergar
Um turbilhão de noções de ética que proclamo para mim mesma

Espero
Calo dentro de mim a ainda histérica impaciência que a maternidade não soube amainar
Afago a face para não embeiçar
Até não mais me lembrar do que é que estava à espera, em primeiro lugar.

Ás vezes mais valia estar quieta!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Às vezes

sinto que estou a perder o chão
as memorias acumulam-se na minha cabeça
esqueço-me de respirar, fecho os olhos
e finjo um sorriso dentro de mim
aqui, onde ninguém me vê
finjo um sorriso
este
é só para ti.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

last day

como se ergue assim o coração ao alto?
como se faz para não o deixar cair?
insurjo-me contra uma parede branca
mas não deixei marca
passeei-me por estas ruas, mas não lhes sinto o meu cheiro
afago a memória, centelha célere que teima em me queimar
mas não me revejo nos seus contornos de luz incandescente
amei, amei muito
com a alma na boca a tentar pular para fora
chorei, como se o meu desespero neurótico surtisse algum efeito no ciclo da perda
quis arrancar de mim a pele que me queimava o corpo
quis tirar de mim os poros que tivesses tocado
que contivessem sequer uma simples farpa da tua existência cravada em mim!
tudo isto eu fiz, eu rezei para ter feito
eu queria ter feito, eu recusei-me fazê-lo
toda a tonta intensidade de mais um sentimento
foi desperdício?
não! sinceridade apenas...
deixei em ti alguma marca de mim?
continuas a sorrir e eu simplesmente aceno com a cabeça
só queria deixar-te uma marca de mim
para ter consciência que houve um propósito em tudo o que vivi
tudo o que ainda vivo
cá dentro
na minha cabeça
neste caixote
da minha cabeça

sábado, 22 de setembro de 2007

Shadowman


Venho aqui
Quando me embalam as incertezas.
No lusco fusco tardio da minha memória,
No silêncio apregoado pelo vento, mas sempre ausente...


Sento-me aqui,
No meu pedaço de chão,
No meu sonho sólido de conveniências e teorias erróneas.
Alcançam os meus dedos o infinito do que não é mais que carne anexa a osso
Alcançam as minhas utopias nada mais que as limitações da realidade crua que me circunda.


Venho aqui, lamentar-me de mim,
Prostrar-me perante a que fui e que hoje me olha desiludida.
Busco aqui,
A paz que já perdi, os sonhos que não vivi,
A borboleta que asfixiei no meu saco de papel...
Está morta.
É fóssil.


Longe vai o tempo em que olhava o saco de papel esvoaçar ao sabor do vento.
Pensava que era o vento, mas era eu...
E eu, eu só sei sugar a vida,
Eu que nunca vivi além do horizonte de sonho que erguia na minha psique
Aurora Boreal de fantasias,
... eufemismos.


Sou-me na eterna vontade!
Essa! Não me faltou nunca a vontade!
Vontade de erguer o sonho à altura das asas!



Sempre o sonho, nunca a verdade.
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A Letra:


"Shadowman" --- K's Choice

Any time tomorrow

I will lie and say I'm fine

I'll say yes when I mean no

And any time tomorrow

The sun will cease to shine

There's a shadowman who told me so

Any time tomorrow the rain will play a part

Of a play I used to know

Like no other

Used to know it all by heart

But a shadowman inside has let it go

Oh no, let go of my hand

Oh no, not now I'm down, my friend

You came to me anew

Or was it me who came to you

Shadowman

Any time tomorrow a part of me will die

And a new one will be born

Any time tomorrow

I'll get sick of asking why

Sick of all the darkness I have worn

Any time tomorrow

I will try to do what's right

Making sense of all I can

Any time tomorrow

I'll pretend to see the light

I just might

Shadowman

Oh here's the sun again

Isn't it appealing to recline

Get blinded and to go into the light again

Doesn't it make you sad

To see so much love denied

See nothing but a shadowman inside

Oh, if you're coming down to rescue me

Now would be perfect

Please, if you're coming down to rescue me

Now would be perfect