terça-feira, 25 de setembro de 2007

last day

como se ergue assim o coração ao alto?
como se faz para não o deixar cair?
insurjo-me contra uma parede branca
mas não deixei marca
passeei-me por estas ruas, mas não lhes sinto o meu cheiro
afago a memória, centelha célere que teima em me queimar
mas não me revejo nos seus contornos de luz incandescente
amei, amei muito
com a alma na boca a tentar pular para fora
chorei, como se o meu desespero neurótico surtisse algum efeito no ciclo da perda
quis arrancar de mim a pele que me queimava o corpo
quis tirar de mim os poros que tivesses tocado
que contivessem sequer uma simples farpa da tua existência cravada em mim!
tudo isto eu fiz, eu rezei para ter feito
eu queria ter feito, eu recusei-me fazê-lo
toda a tonta intensidade de mais um sentimento
foi desperdício?
não! sinceridade apenas...
deixei em ti alguma marca de mim?
continuas a sorrir e eu simplesmente aceno com a cabeça
só queria deixar-te uma marca de mim
para ter consciência que houve um propósito em tudo o que vivi
tudo o que ainda vivo
cá dentro
na minha cabeça
neste caixote
da minha cabeça

1 comentário:

euphrosyne disse...

de cortar a respiração ! <3